quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Às vezes a vida até sorri... E achas que os astros até se alinharam... Mas depois levas um estaladão que te reencaminha para o sítio habitual e te relembra que, nesta encarnação, não tens hipótese

sábado, 21 de setembro de 2019

C & C



Hoje acordei assim... Com as palavras a quererem saltar de mim, coisa que há muito já não acontecia há muito tempo...

Acordei a pensar em mim, ou melhor em mim como mãe «solteira». Nunca percebi muito bem este termo (tanto que não se adapta porque não o sou há anos heheh).

Sou mãe. Ponto. Sou mãe de duas meninas lindas que me enchem de orgulho e cabelos brancos na mesma proporção.

Uma das minhas filhas tem um pai ausente. Termo socialmente correto para um homem que pura e simplesmente,,, Se está nas tintas... E não. Eu não sou pai e mãe. E muito menos «pãe» que é um novo termo da língua portuguesa que ainda não figura no dicionário.

Quando me «inscrevi» nesta coisa de ser mãe não vinha lá no «job description» que seria só eu 24 horas por dia, 7 dias por semana, 12 meses por ano o resto da minha vida. Não era esta a minha 1ª opção. Cá para mim preferia uma «chata» família nuclear dita normal, uma casa com uma cerca branca, um Golden Retriever no quintal e uma carrinha familiar à porta... But... Guess what?!?  Não aconteceu.. Ponto, A vida aconteceu enquanto eu fazia planos. E eu tive de me readaptar, sonhar outros sonhos e travar outras batalhas, Diz a sabedoria popular que cada um tem o que merece. Ok ok... Até aceito que cosmicamente falando, através de um qualquer plano astral que eu desconheço eu possa merecer...

Mas... E ela? Ela merece?! Merece não ter um pai nas audições, nas festas da catequese, nos escuteiros, nas suas conquistas pessoais, nos seus dias de desânimo, quando precisa de um colo, de um abraço, de uma mão firme, de um ombro, no seu dia a dia?? Não. Não merece.

Eu estou lá sempre (ou quase que também não sou omnisciente), E adoro estar, E corro. E durmo pouco. E não tenho vida social. E desdobro-me (pelas duas como é óbvio). E tento sempre que a avó, a tia, os primos, o periquito, o gato e o cão (:P) estejam lá para ela. Mas, na realidade... Faça o esforço que eu fizer e esconda ela muito bem aquilo que sente... Ela sempre estará só meia cheia... Pela metade. Pois eu não sou o pai.

O pai que sempre lhe deu a opção se ela «queria» ir com ele no fim de semana. Não tem de ter essa opção. Não tem de escolher!!! O pai que à última da hora «esquecia» de a vir buscar e a menina de mala feita. O pai que tem sempre problemas no carro em dias importantes para ela .

E isso dói. E revolta. Ver o olhar triste mascarado de sorriso e de uma frase «eu já estava à espera»...

E nestas alturas viro furacão e já lhe disse a ele coisas más (tenho um problema de mau feitio acentuado quando magoam as minhas crias). E confesso, Não me arrependo.... E tentei, oh se tentei, ajudá-los a terem uma relação saudável. Paguei psicólogos que lhe ensinaram estratégias nunca seguidas. Convidei-o para Natais e Páscoas em minha casa. Esteve quase sempre presente nas festas de anos dela, até ao ano em que ela me pediu para não o convidar... Nunca exigi o cumprimento do estipulado no Acordo. Afinal.. É tão pai como eu mãe certo?

Agora... Agora que já é adolescente tornou-se azeda para ele, Agora nunca quer estar com ele,,, E mesmo para lhe atender o telefone,,, E custa porque sei que faz mossa, porque sei que terá repercussões no futuro, Porque sei que dificilmente confiará facilmente.

Porque afinal o homem que mais a deveria amar e proteger,,, Sempre a desiludiu.